Quem "Sou" Tui?

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Filho de mãe professora e pai agrônomo, nasci na pequena (e linda, maravilhosa!!) cidade de Piraju, no interior de SP. Carinhosamente meu nome já foi dando lugar ao apelido de Tui, que até hoje perdura.

Meus padrinhos de batismo foram meus bisavós, a quem digo serem “meu ar (vitais para mim) e meu chão (base que não me deixa afundar)”.

Durante toda infância era viciado em futebol. Pegava minha bicicleta, bola na sacola e rumava em direção ao estádio da cidade, e a noite ainda jogava com outras pessoas no colégio ou ginásio. Em casa, o vício continuava. São-paulino roxo não perdia um jogo. Mas nenhum mesmo! Tanto que assistia até reprise dos jogos que já tinha visto. Horário de almoço era tortura para Flávia, minha mãe. Assistia desde o primeiro programa de esportes que começava às 11:15 até o último que acabava 13:15, todos falando sempre da mesma coisa. Mamãe sofria haha...

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Aos 13 anos tive meu primeiro contato com um esporte “não-tradicional” de colégio: o Jiu Jitsu. Lembro-me até hoje que pesava 58 quilos (!!). Os primeiros seis meses foram só “amassos”. Qualquer um mais pesado que eu (ou seja, todos) já me dava sufoco. Mas, uma coisa que sempre carreguei comigo é “não ser apenas mais um”. Não queria ser mais um magrinho que só “apanhava” e depois abandonava o esporte dizendo que não dava certo. A cada “derrota” no tatame, maior era minha vontade de treinar. E aos poucos a técnica foi suprindo a falta de “corpo”, e as lutas começaram a se equilibrar.

Aos 15 conheci a canoagem, através de um programa do governo chamado Segundo Tempo. Lá aprendi por um ano, e depois fiz remo por mais seis meses. Tudo sobre as águas limpas e claras do Rio Paranapanema (um dos poucos rios limpos de SP).

Mas meu maior aprendizado era ter contato com uma classe social que não era da minha vivência, e conseguir ser amigo de todos.

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Aos 16 anos comecei a fazer musculação, em busca dos tão sonhados músculos para preencher aquele ossos que insistiam em ser contornados apenas pela pele rs (sério, eu era MUITO magro). Nesse ano também comecei a remar canoa havaiana, sempre às 7 da manhã, muitas vezes sem enxergar a água com tanta neblina que tinha sobre ela. Já começava minha paixão por esportes logo ao raiar do dia.

Com 17 anos, no meio do terceiro colegial, passei no vestibular. Sabe pra que? ECONOMIA. Sim, economia.

E sabe por quê?

Gostava de matemática. Ficava fascinado com os caminhos que tinha que percorrer até chegar ao resultado final. Pensei em Administração, mas achei muito “amplo”. Dai reparei que sempre via nos jornais de tv os caras entrevistados “Fulano de tal, economista/USP, ou FGV, ou qualquer outra.”

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Pensei “nunca vi economista pobre. Taí!”

E lá fui eu para a Universidade Estadual de Maringá, no Paraná.

Minha alforria de casa estava assinada.

Em Maringá vivi longos ótimos 7 anos da minha vida. Logo procurei uma academia para continuar a treinar jiu jitsu, mas no momento não tinha condições de pagar. Então, procurei uma academia de musculação. E aqui vem o primeiro manifesto de CFP9 na minha vida: adivinha quem era “monitor estagiário” da academia?? Sim, ele. Nosso headcoach João Victor. Mas eu só queria ir pra lá treinar, pouco conversava, e João também não era das caras mais simpáticas, então pouco contato tivemos.

No ano seguinte voltei ao jiu jitsu através de uma das pessoas que mais me inspira em como ser profissional, como lidar com pessoas e como ser ético em tudo: meu mestre Rodrigo Feijão. Durante 5 anos de jiu jitsu, tive meu primeiro contato com o Crossfit. Montamos uma turma só do Clube Feijão para melhorar nosso condicionamento físico para as lutas, e treinamos na Traction, ainda com Marcos Bonatto. Isso durou 6 meses.

No Feijão treinei até o final do curso, e sempre que volto a Maringá é o lugar que faço questão de passar.

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Durante a faculdade trabalhei numa Cooperativa de engenheiros agrônomos. Ali vi se aproximar o que eu tinha escolhido fazer (economia) com o que minha família sempre trabalhou (fazenda). Depois de quase dois anos, pedi pra sair para focar no curso.

Só que logo na sequência ingressei numa ONG de trabalhos sociais, onde ajudava diversos públicos aos finais de semana (idosos, crianças, animais, mães carentes...). Quando menos percebi, estava palestrando em auditórios sobre ajudar o próximo sem esperar algo em troca.

Mas como nos últimos 6 meses do curso era só a monografia que tinha que fazer, voltei a trabalhar. Dessa vez na Polícia Federal, no setor de estrangeiros. Eram refugiados de todos os lugares, todos os dias. Ali me arrepiava com cada história, me colocando no lugar deles. Muitas de luta e sobrevivência em família. E meu atendimento ia além do convencional. Talvez por isso tenha sido tão elogiado pelos que recebiam. Hoje vejo que ali já tinha um #mudandovidas em mim. E lembro de uma frase que Feijão me disse e me influenciou mais adiante: “você não tinha que trabalhar na frente de computador. Você tem que trabalhar com pessoas!”

Fim da faculdade. Finalmente economista.

O que fiz na sequência?

Talvez a maior loucura que já tenha feito até hoje: realizar meu sonho!

Sabe o que era?

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CONHECER A PATAGONIA!
“Ah Tui, maneiro. Mas, nada de mais. Só juntar uma grana e ir.”

COM POUCO DINHEIRO!
“Assim ninguém sai do lugar.”

A PÉ!!
“Aí você endoidou de vez!”

Pois bem, eu avisei!🤷🏻‍♂️

Lembro que era uma quinta feira, eu voltando pra Piraju, e no caminho minha mãe pergunta:

E agora filho, vai fazer o que?
viajar mãe.
Pra onde?
PATAGONIA
Como assim? Quando??
Daqui 4 dias.

Só pra resumir, meu objetivo era:

  1. Não gosto da ideia de que para realizar nosso sonho temos que ter dinheiro. Por isso, FUI (literalmente) atrás do meu sonho. Caminhando...
  2. Provar para as pessoas o que sempre dizia nas palestras: que haviam mais pessoas boas do que ruins nesse mundo
  3. Me virar! Pesquisei quanto dinheiro era necessário levar. Daí, levei menos da metade. Queria passar perrengue, me virar sozinho sem ninguém pra ligar.

E lá fui eu, viajar com mochila, barraca, gás e panela nas costas, que contabilizaram 23kgs por 8.100km em 41 dias.

Quando voltei de toda essa epopéia (no meu Instagram @tuilemes tem todo diário de viagem) fui para Campinas. Minha avó morava lá, e como é do lado de SP, achei que seria um “porto seguro” mais fácil para encontrar emprego como economista, em Campinas ou São Paulo.

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Masss, eis que na mesma semana que chego em Campinas, também chega CFP9. E na semana de inauguração não cobravam nada pra treinar. Logo, treinava todo dia, às vezes duas vezes por dia (de graça né 🤷🏻‍♂️).

Durante esse período, conheci (dessa vez de verdade) João Víctor, também o Marcos, JP e a Roberta, que sempre via na recepção.

Acabou a semana $, acabou “free pass”. Domingo fui correr na Lagoa do Taquaral, que fica na esquina da box. Quando terminei, antes de voltar pra casa, algo me dizia “passa lá!”.

Campinas mal abrem as coisas de sábado, que dirá de domingo. Mas como não tinha nada a perder, segui em direção à box.

Quando vou me aproximando, vejo Marcos e João tirando fotos para divulgação. Logo pensei “agora é a hora! É agora ou NUNCA!”.

Cumprimentei, trocamos umas palavras e logo emendei:

Marcos, vocês não estão precisando de ninguém aí não?
(Sabia que a Ro era sócia, então pensei “ela não deve ficar na recepção pra sempre. Vou tentar um lugarzinho ali até fazer network e achar algo na área financeira. Quem não chora, não mama né?!”)

Eis que Marcos ri, e fala pro João:

aí João, olha o que o Arthur tá falando. Arthur, nós te vimos treinar, comentamos de você essa semana. Venha amanhã almoçar com a gente!

No dia seguinte fui, e recebi a proposta mais inesperada:

Arthur, nós queremos você aqui. Mas não na recepção. Queremos você como um dos nossos, te formar um coach da CFP9.

Aquilo me pegou de calças curtas!

Tantos anos estudando economia, para começar outra coisa nada ligado, do zero?!

Já tinha escutado falar da CFP9, mas de Instagram. Mal sabia o que, quem eram, e o que era Crossfit. Mas já tinha escutado...

Conversei com um amigo que já era coach em SP, e ele disse “eles são referência na modalidade. Não são qualquer um. Esses não entram pra perder.”

Com certeza de tivesse sido qualquer outra box nem teria cogitado.

Dois dias depois dei meu SIM. Afinal, a gente só sabe se vai dar certo se tentarmos.

E com o tempo fui aprendendo, os alunos me aceitando, e eu sempre observando todas as formas como o João conduzia as aulas. Meses depois, fui chamado para um reality show. Era uma oportunidade única de ganhar uma “bolada”, mas só fui porque pedi certeza de que quando voltaria ainda trabalharia ali. Não queria ser famoso e viver de mídia como muitos fazem. Era ali que eu era feliz, fazendo o que fazia. Trato selado!

No Réveillon desse ano, eu ia passar sozinho no apto em Campinas. Todos amigos viajando. Família reunida longe, mas por ter que trabalhar segunda feira, não tinha como ir.

João e Naty não deixaram, e me levaram com eles para a casa de suas famílias em Bauru. João sabia do meu descontentamento com meu momento de vida (e não com a empresa. Sempre deixei isso bem claro), e me disse “fica com a gente, que a gente vai crescer, e você vai crescer junto!”. Aquilo me marcou, e me deu novos ânimos para seguir.

Pouco mais de um ano de CFP9 Campinas, João me tira no meio de uma aula e me chama no escritório. No caminho já pensei “fiz m.... e pra me tirar no meio da aula não deve ter sido pequena!”

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Quando chego, ele fala:

Tui, tem uma coisa que preciso te falar e não queria esperar.
(Ferrou! To demitido!) O que é?
Surgiu uma vaga lá no Rio. E queria oferecer pra vocês de Campinas antes de abrir para fora. Vê o que acha e me fala.

O SIM estava tatuado na minha testa, mas pedi “dois dias” para pensar e passar uma imagem de homem maduro e racional hahaha. Mas não tinha outra resposta para dar. Ele mesmo estava mais empolgado do que eu, pois dizia que o Rio era a minha cara (praia, natureza, esportes, bronzead... não, parei! 😅).

Tenho muitas, mas muitas pessoas a agradecer, mas se tem uma que tem enorme importância, essa se chama João Victor. Faço sempre questão de enaltecer isso.

Só agradeço, Johnny!

Mochila nas costas, sem aval do pai e com preocupação da mãe, mas com uma enorme certeza de que estava no caminho certo. Não era um caminho plano que estava seguindo. Era íngreme, de crescimento. Mas consciente de que seria degrau por degrau.

Enfim, Rio de Janeiro!

Nunca imaginei que viria morar na cidade maravilhosa. E hoje me sinto a pessoa mais feliz do mundo ao realizar outro sonho com menos de 30 anos de idade: morar na praia, poder sobreviver de esporte e saúde que é o que amo, e ainda não perder tempo com trânsito rs (faço tudo de bicicleta. Minha casa da box são no máximo 25 minutos).

Agora estou aqui, voltando de um final de semana revigorante com a família, onde estive comemorando o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida: meu BISAVÔ (a outra pessoa é minha bisavó. Meu ar e meu chão!)

Sim, no auge dos meus 28 anos eu tenho bisavós. Ele acabou de fazer 91 anos, e hoje fui testemunha de um “step up” que ele fez para trocar uma lâmpada. Sem ajuda pra subir ou descer. E ela prestes a completar 90. Desses, eles já fizeram mais de 60 casados. Meu exemplo máximo!

Saudáveis como nunca!

Ao fim de tudo, vejo que para você crescer, o que te leva não é aonde você quer chegar, mas sim manter seus princípios incorruptíveis, com uma base sólida (família e amigos certos) e sua determinação.

Como diz a música do Skank “esse caminho não há outro que por VOCÊ faça”.

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