Cocaína, conexões e CrossFit! 

Qual o problema com essa foto? Falta gente de carne e osso...

Qual o problema com essa foto? Falta gente de carne e osso...

A palavra vício talvez deveria ser interpretada como “ligação”. Ligações que pessoas têm com algo. 

Até porque um dos desejos originais de qualquer ser humano é sua vontade natural pela busca por conexões. 

Quando estamos saudáveis e felizes nós nos conectamos uns com os outros. Mas quando você está isolado e infeliz com sua vida, você irá se conectar com algo que te dê um senso de alívio. 

Isso pode ser apostar, fumar, comer ou usar drogas. 

Existe um experimento, no qual cientistas colocaram um rato em um ambiente fechado, tendo apenas dois potes de água, um em cada lado do espaço. Um pote continha apenas água e o outro água com heroína. Não havia nada para fazer ou animais para socializar. 

Este teste concluiu que não apenas os ratos ficavam viciados na água “suja”, mas também morriam por overdose em pouco tempo. 

Pode parecer fácil então concluir que drogas viciam e que se você usá-las será o fim de tudo pois logo você irá se tornar um viciado e morrer. Ponto final! Mas não é simples assim...

Estudos realizados com ratos em jaulas vs. em um ambiente social cheio de coisas para fazer...

Estudos realizados com ratos em jaulas vs. em um ambiente social cheio de coisas para fazer...

Analisando o experimento desta forma, a única solução pode parecer não cair na tentação, pois uma vez feito, é um caminho sem volta. 

Mas e as pessoas que se encontram em uma situação na qual já dependem de algo? Não teria mais jeito? Só remédios ou repreensão? 

Vídeo games, açúcar, celular, pornografia, álcool, tv e etc...

Independe de seu vício, deve haver uma forma de te ajudar a sair desta situação que não seja repreensão, brigas ou dedos sendo apontados. 

Para auxiliar nesta discussão, houve um outro estudo feito no qual os ratos tinham as mesmas opções de água e água com heroína. Porém, desta vez, dentro de um ambiente que se igualava a “Disneylândia para os ratos”, vários brinquedos e espaço livre. 

E para melhorar, agora os ratos tinham outros ratos para interagir, tinham uma vida social, faziam sexo e se divertiam. 

Neste ambiente, o número de ratinhos que tomavam a água com heroína era quase nulo. A grande maioria escolhia a água pura. E melhor, ninguém ficava viciado e muito menos morriam por overdose. 

A diferença entre viver em uma jaula e ver o mundo como seu parque de diversões. 

A diferença entre viver em uma jaula e ver o mundo como seu parque de diversões. 

A grande defesa aqui é que além de seus conectores genéticos, sua predisposição para ser “viciado” ou sua liga com certos elementos ou comportamentos, o ambiente e as conexões reais que você cria podem fazer toda diferença. 

Uma coisa é certa: você irá se conectar com algo ou alguém ao delongo de sua vida. Essa é nossa natureza. Isso sim é o que fomos “programados” para fazer. Criar conexões. 

Você já parou para refletir porque você não bebe vodka ao invés do água durante seu dia? Não deve ser por falta de recursos.  A pergunta parece ridícula, mas pare para pensar. 

Porque você não fica bêbado o dia todo se a sensação é tão boa? Provavelmente, existem conexões e relacionamentos que você quer estar presente para vivenciar. Você quer aproveitar cada momento em plena e sã consciência. Você quer trocar com as pessoas. 

Então porque você faz isso todo final de semana? Para relaxar? Seria uma forma de fugir da realidade? É uma recompensa a uma semana de trabalho duro? 

Se você quisesse realmente aproveitar seu final de semana não seria mais proveitoso estar lúcido sobre tudo o que está acontecendo ao seu redor? Não seria mais legal aproveitar todo e qualquer momento junto às pessoas que você ama sem a necessidade de nada que altere sua realidade naquele momento?

A proximidade física nos causa desconforto hoje em dia. Vamos mudar isso!

A proximidade física nos causa desconforto hoje em dia. Vamos mudar isso!

Pergunte-se também porque sua avó não se viciou da última que passou por aquela cirurgia séria de quadril, foi medicada com drogas das mais puras para a cirugia, e mesmo assim não teve vontade de mais? 

Talvez você pense: "esse texto não tem nada a ver comigo, eu não tenho vícios..."

Tem certeza? Então porque muito de sua vida tem sido jogada fora em um celular? 

“Mas eu nem fico tanto no celular”. Faça um teste: entre em configurações > bateria > e clique no “reloginho” que aparece a direita de sua tela. Aí está a informação de quanto tempo de suas últimas 24 horas foram desperdiçados olhando para uma tela. Some todos os aplicativos e veja quanto tempo você estava acordado e quanto desse tempo foi jogado nessa realidade paralela. 

Você já percebeu que algumas das pessoas mais “viciadas” que você conhece em sua vida não têm muito o que fazer? Não digo apenas em relação a trabalho. 

Faça o teste e saiba quanto de seu tempo tem sido dedicado ao vício. 

Faça o teste e saiba quanto de seu tempo tem sido dedicado ao vício. 

Não ter o que fazer aqui refere-se a sua vida como um todo. Sua vida é vazia em todos os sentidos. 

Muito do vício pode ter causa no fato que você não consegue suportar estar presente em sua própria vida. Você não quer encarar o que ela se tornou. 

É muito difícil aceitar que você não tem para quem voltar ou mesmo para onde ir. Então vamos para o celular, bebida, drogas e outras conexões vazias. 

E é aí que entra a tríade que mais defendemos por aqui: atividade física, alimentação saudável e relacionamento humano. 

Se você está em um ambiente onde sua falta é notada. Onde cada dia você aprende algo novo e é desafiado constantemente. Se você não vê a hora de encontrar seus novos amigos, olhar no olho e conversar, liberar adrenalina junto a eles e estar presente naquele momento. Se comer bem ao lado de quem você gosta tornou-se um de seus novos prazeres, talvez seu novo vício seja algo inofensivo. 

O que faz as pessoas mudarem são as outras pessoas. 

O que faz as pessoas mudarem são as outras pessoas. 

O que faz as pessoas mudarem são as outras pessoas. 

Você se torna uma mãe melhor pois quer ver sua filha seguir seus exemplos. Você começa a se exercitar pois quer viver mais ao lado de quem você ama. Você muda seus hábitos alimentares para poder ser uma influência positiva em seu meio. Você se relaciona com as pessoas pois quer se sentir vivo. 

O relacionamento humano é uma das maiores armas contra a solidão atual. Por mais desconfortável que possa parecer, (e sei bem disso pois sou vocal e às vezes até forço a barra nas interações) não somos nada sem os outros. 

Sempre digo isso aos Coaches na CFP9: sei dizer ao certo quem irá cancelar o plano em breve. São aquelas pessoas que não conseguimos atingir. Que não conseguimos falar, tocar ou conversar. É impossível mudar a vida de quem você não conhece de verdade.

E o mais estranho é que, cada vez mais, queremos casas maiores, mais seguidores, pouca gente e espaços onde teremos que dividir menos: sorrisos, ideias e sentimentos. 

O problema da gente é não gostar mais de gente, e achar isso normal. 

Saia de sua bolha. De seu treino sozinho. De sua planilha interminável. 

Saia de sua bolha. De seu treino sozinho. De sua planilha interminável. 

E já que estamos sozinhos, em nossas casas enormes e com ninguém a nos esperar de verdade, buscamos conexões vazias. 

Uma vez que as ligações vazias acontecem, você vê todos indo embora como se você tivesse se tornado contagioso. Você era legal, agora você é doente. 

Mas já te ocorreu que nesses casos, ao invés de reprimir e marginalizar quem se encontra nessa situação, uma ajuda pode ser conectar? Dar um motivo para pessoa sair da cama todos os dias. 

Ter alguém a esperar e situações em que as pessoas queiram estar em sua plena consciência para ver com seus próprios olhos a alegria que é estar vivo? 

Que tal redescobrir seu propósito e redefinir sua “liga” com as outras pessoas?

Que tal esquecer seu celular, cigarro, cerveja ou drogas e criar conexões verdadeiras? 

Nos momentos de crise de sua vida, você irá perceber que nada é mais importante do que conexões verdadeiras. Seguidores sumirão. Amigos de bar não existirão. Galera da noitada não estará por perto. 

Sobra o laço real de muito olho no olho, superação e aprendizado. Sobra a comunidade e as “redes de segurança” que você construiu ao seu redor. 

O oposto de vício talvez não seja apenas sobriedade. O oposto pode vir a ser conexões. 

Faça parte de um local onde as pessoas esperam te ver todos os dias. 

Faça parte de um local onde as pessoas esperam te ver todos os dias. 

Longe de mim querer resolver em um texto um dos grandes problemas de nossa sociedade. Por aqui, queremos apenas iniciar uma conversa a respeito do assunto. Por aqui queremos trocar repreensão por amor. 

Saiba de uma vez por todas que aqui você está seguro. Saiba que aqui você será amado e obrigado a ter motivos para sair da cama. 

Saiba que por aqui, existe uma família que não julga seus problemas. 

Por aqui existe apenas amor e uma pergunta: está tudo bem com você? 

*este conteúdo não tem o intuito de substituir ajuda médica profissional, diagnóstico ou tratamento. Sempre busque o conselho de seu médico sobre qualquer dúvida a respeito de sua condição de saúde. Nunca prorrogue sua visita a um profissional da área apenas por ter lido algo em nosso site. 

** quer ler mais sobre o assunto:

https://www.google.com/amp/s/www.lifeofpurposetreatment.com/crossfit-and-recovery-tim-mustions-story/amp/?source=images

http://www.stuartmcmillen.com/comic/rat-park/#page-6

https://www.ted.com/talks/johann_hari_everything_you_think_you_know_about_addiction_is_wrong